Lula Côrtes

Homenagem póstuma ao grande gênio da psicodelia mundial que faleceu na madrugada de sábado dia 26/03/2011.

Cantor, músico e compositor, na década de 1970 foi um dos primeiros a fundir ritmos regionais nordestinos com o rock and roll, juntamente com Zé Ramalho e outros artistas.

Seu instrumento principal é o Tricórdio que é a cítara popular de Marrocos,mas era multi-instrumentista (violão, baixo, guitarra, citara, harpa) mas da década de 80 pra frente começou a cantar também suas próprias composições com sua poesia fantástica.

Obra: Em 1972, lança, com Laílson, o LP Satwa (Rozemblit, Recife); em dezembro de 1974, termina a gravação do álbum duplo “Paêbiru”, com Zé Ramalho, mas o álbum não é lançado porque a gravadora Rozemblit, foi atingida por uma grande enchente; LP O Gosto Novo da Vida (Ariola); LP Rosa de Sangue (Rozemblit; não chegou ao mercado por conta de briga jurídica com a gravadora); LP A Mística do Dinheiro (gravado pela Rozemblit mas nunca lançado); LP O Pirata (gravado em São Paulo e também nunca lançado); LP Nordeste, Repente e Canção (Discos Marcus Pereira); CD Lula Cortes & Má Companhia (1997).

É, também, pintor e lançou livros de poesia, entre os quais “Bom Era Meu Irmão, Ele Morreu, Eu Não”.

História:

Tudo começou em 1973, com a gravação de ‘Satwa’, o primeiro disco independente da história da música popular brasileira. Esse disco foi gravado nos estúdios da extinta gravadora Rozenblit em Recife, com Lailson tocando craviola, Lula Côrtes no tricórdio (instrumento marroquinho)e com participação de Robertinho do Recife nas guitarras. O disco foi pouco divulgado e recém descoberto e lançado nos Estados Unidos. Lailson virou cartunista e ganhou vários prêmios com o novo ofício.
Depois disso Lula Côrtes gravou o antológico ‘Paêbiru’ com Zé Ramalho. Disco baseado nas escritas de Pedra do Ingá, no sítio arqueológico de Ingá do Bacamarte. Esse disco é peça raríssima do cancioneiro brasileiro. Quando foi prensado, em 1975, Lula Côrtes levou 300 cópias para casa, onde morava com a cineasta Kátia Mesel. O resto foi destruído por uma enchente que inundou a gravadora Rozenblit. Por isso o disco ficou com essa áurea de mito, lenda urbana etc, e as cópias lançadas na época são vendidas a peso de ouro nos sebos e leilões da vida.

Na década de 80, Lula gravou ‘O Gosto Novo da Vida’ e ‘Rosa de Sangue’, outra raridade que não foi comrcializada por causa de uma briga com a gravadora, Rozenblit. No final da década, Lula juntou-se com Jarbas Mariz (atual parceiro de Tom Zé) e gravou mais um disco instrumental, em que a psicodelia é ponto forte. Esse disco tinha o intuito de alcançar o sagrado através da música primordial, de acordo com a expressão ‘Bom Shankar Bolenajh’, que deu título ao álbum. O disco tem participação de Paulo Ricardo (ex-RPM), Alberto Marsicano, e Oswaldinho do Acordeon.

Nos anos 90, Lula conheceu a banda do guitarrista Xandinho, ‘Má Companhia’, que tocava covers de clássicos do rock setentista, e juntos lançaram um disco em 1995. Em 1997, outro disco, ‘A Vida Não é Sopa’, gravado ao vivo, que foi lançado alguns anos depois (por isso a diferença de datas aqui e no link). Fica ai o resultado da união de grandes expoentes do rock pernambucano, Xandinho com a banda ‘Má Companhia’ e Lula Côrtes, dono de uma discografia cheia de álbuns antológicos.

Lula Côrtes ainda tem outros discos em sua vasta discografia, que não constam aqui, como ‘Nordeste, Repente e Canção’, lançado pelo selo Marcus Pereira, e outros inéditos como ‘A Mística do Dinheiro’ e ‘O Pirata’. Além de outros dois discos com a banda ‘Má Companhia’, ‘Ao Vivo no Teatro do Parque’ e ‘Ao Vivo no Curupira’. Por isso quem tiver algum desses discos que coloque ali, nos comentários. Mas quem quiser comprar os CDs, entre em contato com macompanhia@gmail.com.

O artista pernambucano Luiz Augusto Martins Côrtes, conhecido como Lula Côrtes, 61, morreu na madrugada deste sábado (26) no hospital Barão de Lucena, em Recife. O artista foi um dos pioneiros na mistura do rock com ritmos nordestinos.

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/894393-musico-e-escritor-pernambucano-lula-cortes-morre-em-recife.shtml

Entrevista foda com o cara, revelando toda a sua trajetória como multi-artista (cantor, músico, poeta, escritor, pintor e desenhista)

http://www.interpoetica.com/site/index.php?/entrevista/Lula-C%C3%B4rtes.html

Lula Côrtes & Laílson – Satwa -1973

(primeiro disco independente do Brasil)

  1. Satwa
  2. Can I be Satwa
  3. Alegro piradíssimo
  4. Lia, a rainha da noite
  5. Apacidonata
  6. Amigo
  7. Atom
  8. Blue do cachorro muito louco
  9. Valsa dos cogumelos
  10. Alegria do povo

 

 

 

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Som transcendental e viajante totalmente acustico, Lula no tricórdio e Lailsson na craviola (viola de 12 cordas)

Instrumental, com pequenas incursões vocais, o disco traz dez canções “produtos mágicos das mentes e dedos de Lailson e Lula”, como diz na contra-capa do álbum, produzido pela dupla, mais Kátia. Além dos de Lula e Lailson, Robertinho de Recife também faz uma ponta no disco, tocando ‘lead guitar’ em ‘Blue do Cachorro Muito Louco’, um blues lento e viajandão.

O som predominante do disco, no entanto, é um folk nordestino/oriental, resultado da mistura da cítara popular tocada por Lula, e da viola de 12 cordas de Lailson. Algo como uma sucessão de ragas ou mantras, interpretadas por Cego Aderaldo movido a incenso, cogumelos e outros “expansores da musculatura mental”, como diz Arnaldo Baptista.

Lula Côrtes & Zé Ramalho – Paêbirú (1975)

O Disco mais caro e disputado nos sebos do Brasil

Um vinil de 1975 (só existem 300) custa 4 mil reais em média

  1. Trilha de Sumé (Culto à terra/ Bailado das muscarias)
  2. Harpa dos ares
  3. Não existe molhado igual ao pranto
  4. Omm
  5. Raga dos raios
  6. Nas paredes de pedra encantada, os segredos talhados por Sumé
  7. Marácas de fogo
  8. Louvação a Iemanjá
  9. Beira Mar
  10. Pedra templo animal
  11. Sumé

 

 

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Trata-se do raríssimo álbum duplo “Paêbirú”, creditado a Lula Cortês e Zé Ramalho, gravado entre os meses de outubro e dezembro de 1974, na gravadora Rozemblit, em Recife (PE). Com eles, estão Paulo Rafael, Robertinho de Recife, Geraldo Azevedo e Alceu Valença, entre outros. Na época, Lula Cortês tinha em seu currículo o álbum “Satwa” (1973), que trazia canções com título como “Alegro Piradíssimo”, “Blues do Cachorro Louco” e “Valsa dos Cogumelos”. Zé Ramalho, já tocando com Alceu Valença, tinha em sua bagagem a experiência de grupos de Jovem Guarda e beatlemania, como Os Quatro Loucos, o mais importante de todo o Nordeste.

Clássico do pós-tropicalismo, com (over)doses de psicodelia, o álbum trazia seus quatro lados dedicados aos elementos “água, terra, fogo e ar”. Nesse clima, rolam canções como o medley “Trilha de Sumé/Culto à Terra/Bailado das Muscarias”, com seus13 minutos de violas, flautas, baixão pesado, guitarras, rabecas, pianos, sopros, chocalhos e vocais “árabes”, ou a curta e ultra-psicodélica “Raga dos Raios”, com uma fuzz-guitar ensandecida. E, destaque do álbum, a obra-prima “Nas Paredes da Pedra Encantada, Os segredos Talhados Por Sumé” (regravada por Jorge Cabeleira, com participação de Zé Ramalho), com seu baixo sacado de Goin’ Home dos Rolling Stones sustentando os mais pirados 7 minutos do que se pode chamar de psicodelia brasileira.

O disco por si só é uma lenda, mas ficou mais interessante ainda pelas situações que envolveram a sua gravação. A gravadora Rozenblit ficava na beira do rio Capiberibe, e o disco, depois de gravado, foi levado por uma das enchentes que assolavam a região. Conta a lenda que sobraram apenas umas trezentas cópias do disco, hoje nas mãos de poucos e felizardos colecionadores, muitas das quais no exterior, onde foram parar a preço de ouro. Contando com a co-produção do grupo multimídia Abrakadabra, o disco trazia um rico encarte, que também sucumbiu ao aguaceiro.

 

 

1980 Rosa de Sangue

lula cortes rosa de sangue
1. Lua viva
2. Balada da calma
3. Casaco de pedras
4. Nordeste oriental
5. Bahjan, oração para Shiva
6. São tantas as trilhas
7. Noite prêta
8. Dos inimigos
9. A pisada é essa
10. Rosa de sangue

 

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MITICO LP Rosa de Sangue (Rozemblit; não chegou ao mercado por conta de briga jurídica com a gravadora)

“Rosa de Sangue” é isso: são frevos, forrós, guitarras nervosas e até cítaras em “Oração para shiva”, na mistureba clássica dos sons da contracultura brasileira.

Além do som ser ótimo, as letras também são bem legais.


1981 O Gosto Novo da Vida

1. Desengano
2. Dos inimigos
3. Lua viva
4. São várias as trilhas
5. Patativa
6. Canção da chegada
7. Quadrilha atômica
8. Brilhos e mistérios
9. Gira a cabeça
10. O morcego

Disco mais pop que chegou a fazer sucesso, mas novamente por brigas com a antiga gravadora a divulgação foi prejudicada.

Participações de Dominguinhos e Zé da Flauta entre outros.

 

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1988 Bom Shankar Bolenajh (Lula Côrtes & Jarbas Maris)

1. Balada para quem nunca morre
2. Orvalho na paisagem
3. Shotsy (Síntese do oriente e ocidente)
4. Valeu a pena
5. Forró pro mundo inteiro
6. Eu tentei
7. Maracatu pesado
8. Inverno I e II
9. Tema para Christina

Disco instrumental na linha do Satwa, Jarbas Mariz hoje toca na banda do Tom Zé e participou do Paiberu e do Rosa de Sangue.
Além disso o disco tem participações do lendário guitarrista Ivinho (Ave Sangria) nas musicas Maracatau Pesado e Inverno I e II, do baixista Paulo Ricardo em Eu Tentei e Oswaldinho do Acordeon em Forró pro Mundo Inteiro.

 

 

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1995 Lula Côrtes & Má Companhia

1. Reduzido à pó
2. A tirana
3. Meus caros amigos
4. As estradas
5. Nasci para chorar
6. Balada do tempo perdido
7. A força da canção
8. Rock do segurança (Gilberto Gil)
9. Os piratas
10. O homem e o mar

 

 

Primeiro disco com a banda Má Companhia do guitarrista Xandinho numa linha mais Rock’n roll clássico e blues, mas ainda com suas letras surreais e poéticas e um pouco das influências orientais e nordestinas na utilização de  instrumentos como citara (tocada por Robertinho do Recife , que também produziu o disco) e Acordeon.

 

 

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2006-  A Vida Não é Sopa (& Má Companhia) -gravado em 1997

  1. Eu fiz pior
2. Versos perversos
3. A seca
4. Israel
5. O balada cavernosa
6. O clone
7. O indiozinho
8. Tá faltando ar
9. Qualquer merda
10. Pense e dance
Em 2006, Lula Cortês e Má Companhia lançaram o disco ‘A Vida Não É Sopa’ gravado ao vivo na Estação do Som em 1997. O disco saiu pelo selo ‘Sopa Diário’.
Na guitarra, o antigo guitarrista da banda, o lendário Claudio Munheca. Destaque para as faixas “Eu fiz pior” e “Tá faltando ar”.

 

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Ao vivo no Curupira, ano??

Mais um bootleg pos fãs – atualizado em 22/07/2014

Set List

01 – Intro

02 – Maracatu pesado

03 – Espelho Cristalino ( Alceu Valença)

04 – Reduzido a pó

05 – O indiozinho

06 – Os piratas

07 – As estradas

08 – Dos inimigos

09 -Me de uma chance

10 – Garoto de aluguel (Zé Ramalho)

11 – Sessão das 10 (Raul Seixas)

12 – Versos perversos

13 – Tá faltando ar (negro gato)

14 – O clone

15 – Má companhia – Smoke in the water (Deep Purple)

 

 

 

 

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Paticipações:

Fora todos esses discos o Lula ainda participou tocando Tricórdio nos principais discos do movimento Udigrudi (ver tópico).

Flaviola & o Bando do Sol de 1973

Marconi Notaro – No Sub Reino … de 1973

Alceu Valença -Molhado de Suor de 1974

Zé Ramalho -1978 toca nas músicas Noite Preta (onde divide a composição e toca tricórdio elétrico) e a clássica Chão de Giz.

Canta e grita em uma música (bem pesada por sinal) do disco Hora da Batalha de 2004 da grande banda Punk/Hc Devotos (que eu gosto muito).

Tem também essa participação nesse disco  (que ja foi postado aqui) que revive todo o movimento Udigrudi, ele canta e toca tricórdio em duas musicas (as estradas e dos inimigos).

A Turma do Beco do Barato – Antologia 70 – 2004

A Turma do Beco do Barato, projeto idealizado por Humberto Felipe, fã da Ave Sangria, acabou sendo a oportunidade de vários artistas registrarem algumas de suas composições pela primeira vez, após cerca de 30 anos. É o caso da Phetus, que finalmente gravou duas de suas canções até hoje inéditas em disco. E mesmo da Ave, que acabou em 1975 – quando já contava com repertório para um segundo LP – e contribui no CD com nada menos do que nove composições, apenas duas delas regravações. Os outros dois temas são de autoria de Lula Côrtes.

“Toda essa história ficou meio esquecida”, diz Humberto, explicando o porquê da realização do CD. “Tanto de gente de hoje quanto de quem viveu a época e não estava antenado.” Admirador da Ave Sangria, conta que, no início, pensou no trabalho como uma homenagem ao grupo com a participação de convidados. “Ao invés de ficar limitado a um nome, resolvi ampliar, não usar o nome Ave Sangria, mas pegar o mais representativo e fazer a Antologia 70”, resume.

faixas:
01 as estradas [lula côrtes]
02 vacas roxas [lailson]
03 vento vem [israel semente]
canta: marco polo e humberto felipe
04 marginal [marco polo]
05 dois navegante [almir de oliveira]
06 o pirata [marco polo]
07 dos inimigos [lula côrtes]
08 anjos de bronze [lailson]
09 fora da paisagem [almir de oliveira]
10 janeiro em caruaru/noturno nº0/mina do mar [marco polo]

todas as músicas são interpretadas por seus autores, exceto a faixa 3.

 

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Video – Vou Danado pra Catende com Alceu Valença

Esse video ja foi postado na Tópico sobre o Movimento Udigrudi mas é uma dos raros videos dos anos 70 onde Lula aparece tocando seu Tricórdio, junto com Alceu , Zé Ramalho na viola, o grande Zé da Flauta e parte do Ave Sangria Paulo Raphael que era guita base, mas ta no baixo, Israel Semente na betera, Agricinho na percurssão e o lendário  guitarrista Ivinho destruindo tudo.

Download dessa faixa

http://www.mediafire.com/?f70akteaaeiq6hh

Trailer -Documentário Paebiru.

Teaser” do documentário Nas Paredes da Pedra Encantada, sobre o álbum Paêbirú – Caminho da Montanha do Sol, de Lula Côrtes & Zé Ramalho (1975). Dirigido por Cristiano Bastos & Leonardo Bomfim

Matéria da Rolling Stone Brasil sobre o lendário disco Paéberu:

http://www.rollingstone.com.br/edicoes/24/textos/3426/

Video recente do mestre

Rock’n Roll é isso cantar a plenos pulmões com um câncer na garganta.

RIP

Morre o homem mas a obra é eterna.

5 comentários em “Lula Côrtes

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